terça-feira, janeiro 30, 2007

Alto nível

Um exemplo de como as discussões no Brasil são de altíssimo nível.

Logo após o lançamento do PAC, o governador de São Paulo José Serra fez uma série de críticas ao pacote. Entre elas, a de que era tímido e só funcionaria se o Brasil crescesse. Algo na linha do “vamos crescer 5% se crescermos 5%” – ou seja, um troço meio bizarro e marqueteiro.

O ministro da fazenda Guido Mantega respondeu dizendo que ele não tinha lido o “programa certo” e que tímido era o “Avança Brasil”, do governo FHC, do qual ele fazia parte. Não li uma linha de Mantega criticando o conteúdo das críticas. Ele apenas criticou o fato de Serra ter criticado o programa.

Ontem, no Canal Livre, da Bandeirantes, na hora exata em que eu liguei a TV, ouvi a ministra da casa civil Dilma Rousseff dizer: “Quem foi eleito pelo povo brasileiro com mais de 60 milhões de votos foi o Lula, e não ele (Serra)”.

Surreal responder críticas deste jeito.

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quinta-feira, janeiro 25, 2007

Sonhos

Leio no excepcional “O mundo assombrado pelos demônios”, do Carl Sagan, que há um período na infância em que alguns sonhos são considerados reais e que as crianças tomam os acontecimentos desses sonhos como se fossem equivalentes às experiências reais. A partir daí passam a contar histórias fabulosas sobre monstros terríveis que se escondem debaixo da cama, extraterrestres abrindo a janela, amigos imaginários etc. – que vieram, obviamente, de seus sonhos. (Os sonhos, nem é preciso dizer, são fruto do que as crianças estão expostas no dia a dia – filmes, histórias, livros, convivência com família, educação etc.)

A distinção entre vida real e sonho (ou ilusão) é conquistada aos poucos, muito lentamente, até os dez anos de idade, mais ou menos. Após isso, uma pessoa normal consegue distinguir claramente as coisas. Menos, é claro, os desequilibrados – que continuam a pensar, vamos dizer assim, como crianças.

Sempre fiquei intrigado com o poder que crianças têm de ver ou fantasiar coisas. Quando era criança, não me lembro de ter passado por nada do tipo. Nenhuma visão. Nenhum monstro terrível. Que pena.

E um PS interessante: Sagan diz que parte dos motivos para as crianças terem medo do escuro e fantasiarem monstros etc. é porque, até pouco tempo, elas nunca dormiam sozinhas, mas sempre protegidas por um adulto. No nosso mundo, diz ele, "nós as enfiamos num quarto escuro, damos boa-noite e temos dificuldade em compreender por que elas às vezes ficam perturbadas". Num mundo mais primitivo, esse medo impede que crianças indefesas se aventurem longe dos seus pais. "Como esse mecanismo de segurança pode funcionar para um jovem animal forte e curioso senão pela produção artificial de um forte terror? Os que não têm medo de monstros tendem a não deixar descendentes."

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domingo, janeiro 21, 2007

Pobres são barulhentos

Se há um grande problema em viver próximo de pobres, o problema é que eles fazem barulho em excesso. E quando digo pobres, não falo só dos com deficiência financeira, mas dos com deficiência educacional, também.

Meu final de semana vem sendo premiado com muita música sertaneja, funk e, pra quebrar um pouco o marasmo, algumas brigas. Ontem de tarde mesmo, na casa ao lado, alguém chegou bêbado por volta das quatro da tarde. Gritava e parecia jogar coisas ao chão. Foi recebido por uma voz feminina irada. A discussão demorou poucos minutos, ainda bem. O camarada resmungou alguma coisa e ficou quieto.

Por isso, gosto quando chove, como agora. Todo mundo se recolhe e o silêncio se faz ouvir. Mais alto que nunca.

sábado, janeiro 20, 2007

Promessas

Das promessas para 2007: voltar a ter mais disciplina e ser menos vagabundo.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Vai pro inferno

William Waack:

"O enforcamento de Saddam Hussein, nas imagens não-editadas, tem a aparência de um linchamento. Para quem possa achar que um linchamento se explique, ou até se justifique, por emoções violentas, o de Saddam parece ter sido praticado a frio por um bando de criminosos sabendo que têm de agir com pressa. Os executores xingam o condenado, fazem provocações políticas e o mandam para o inferno enquanto ele faz a última prece. Ele -o ditador sanguinário- é quem surge digno e altivo."