terça-feira, maio 08, 2007

Nós, os bolcheviques, chamamos isso de autocrítica

“A Arte da Entrevista”, coletânea de entrevistas organizada pelo Fábio Altman, é bem bacaninha. Tem algumas entrevistas muito boas, como as do Freud, do Al Capone e do Hitchcock (que é onde estou agora).

Tem outras que também são muito boas, pelo menos pra você ler e ficar xingando os camaradas mentalmente: Hitler, Mussolini, Marx, Getúlio Vargas, Mao Tse-tung etc.

A entrevista com o Stalin é exemplar neste sentido. Já ouvira falar muito que o HG Wells, que entrevistou o safado em 1934, era um completo analfabeto político, mas nunca pensei que ele chegasse a tanto. Abaixo uns trechinhos.

Stalin – É, eu sei, e isso pode ser explicado pelo fato de a sociedade capitalista encontrar-se no momento em um beco sem saída. Os capitalistas buscam, mas não conseguem encontrar, uma saída para esse cul de sac compatível com a dignidade, com os interesses da classe. Eles podem, até um certo ponto, sair da crise engatinhando, mas não conseguem encontrar uma alternativa que permita sair de cabeça erguida, que não perturbe os interesses dos capitalismo.

(...)

É óbvio que o velho sistema está desmoronando, decaindo. Isso é verdade. Mas também é verdade que novos esforços estão sendo feitos para com o uso de outros métodos e de novos meios para proteger o sistema decadente. (...)

Wells – (...) Ela (uma organização de escritores) insiste na livre expressão de opiniões – mesmo de opiniões opostas. Espero discutir esse assunto com Gorki. Não sei se os ingleses estão preparados para tanta liberdade...

Stalin – Nós, os bolcheviques, chamamos isso de “autocrítica”. Ela é muito usada na URSS...

(CLARO! CLARO QUE SIM!)

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1 Comments:

Blogger Zé Ricardo M. disse...

Uma das coisas mais engraçadas é quando pessoas se referem ao socialismo russo como um bom sistema econômico. Ao olhar os dados, descobrem que logo no início do regime a URSS teve um grande crescimento e, a partir daí, propagam que o modo de produção funciona bem. Esquecem de olhar QUAL era o modo de produção - e este não tinha nada de marxista. Era neoclássico, marginalista, ORTODOXO, em suma.

Mas a esquerda mundial é boa de contar histórinha. O Le Monde Diplomatique, que os esquerdistas acham excelente, conclama que a França lute contra o neoliberalismo. Só que o Estado francês é gigante, os trabalhadores possuem mais direitos do que em qualquer outra economia avançada do mundo e, evidentemente, o país não cresce. Mas a culpa deve ser mesmo desse DEMÔNIO do neoliberalismo.

É por isso que eu acredito EM IR NA FONTE e olhar o que de fato ocorre.

Abrazzo

09 maio, 2007 15:07  

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