Jornalismo participativo
Tenho um sério problema com o jornalismo gonzo. A impressão que eu tenho é de que o narrador, em primeira pessoa, como é próprio do estilo, quer ficar toda hora falando "Ei, olha só, leitor, como eu sou legal e batuta!".
Em boa parte das matérias do tipo que leio, o infeliz está lá, querendo se exibir, fazendo malabarismo a torto e a direito. Isso me irrita, quase sempre.
Há quem faça isso de um jeito bonito? Há, claro que há; mas não me vem à cabeça nenhum nome agora.
Enquanto penso nisto, me vem à cabeça dois nomes: Gay Talese e Otavio Frias Filho. Talese se colocou no final do estupendo "A Mulher do Próximo", mas, com muita classe e elegância, em terceira pessoa. O resultado é primoroso.
Frias, em "Queda Livre", narra em primeira pessoa sete situações "limites", no que ele preferiu chamar de "descidas até os círculos do inferno pessoal" (saltou de para-quedas, foi à selva amazônica atrás do Santo Daime, fez o Caminho de Santiago, frequentou casas de swing etc.). Neste caso, o fator "primeira pessoa" não atrapalha, já que o trabalho de pesquisa e a contextualização histórica são pontos fortes.
Em boa parte das matérias do tipo que leio, o infeliz está lá, querendo se exibir, fazendo malabarismo a torto e a direito. Isso me irrita, quase sempre.
Há quem faça isso de um jeito bonito? Há, claro que há; mas não me vem à cabeça nenhum nome agora.
Enquanto penso nisto, me vem à cabeça dois nomes: Gay Talese e Otavio Frias Filho. Talese se colocou no final do estupendo "A Mulher do Próximo", mas, com muita classe e elegância, em terceira pessoa. O resultado é primoroso.
Frias, em "Queda Livre", narra em primeira pessoa sete situações "limites", no que ele preferiu chamar de "descidas até os círculos do inferno pessoal" (saltou de para-quedas, foi à selva amazônica atrás do Santo Daime, fez o Caminho de Santiago, frequentou casas de swing etc.). Neste caso, o fator "primeira pessoa" não atrapalha, já que o trabalho de pesquisa e a contextualização histórica são pontos fortes.
9 Comments:
Espero que leia meu livro. Em novembro deve estar impresso.
Lerei com o maior prazer.
interessante seu blog!
Acho que a questão é: se o cara "está lá", se tudo o que ele está narrando é fruto de suas convicções, sua cultura, sua formação, porque esconder tudo sob o manto da "objetividade"? Que seja honesto com o leitor...
Meu comentário não tem muito a ver com "honestidade" ou "objetividade". Tem mais a ver com o estilo.
Tá, pode ser. É que às vezes o assunto em si não é tão interessante e o que vale é o fato do cara ter estado lá. Entendi o que quer dizer.
Quer ler um que o autor narra em primeira pessoa mas não se sobrepõe ao tema? "O gosto da guerra", José Hamilton Ribeiro.
Narrador sabe-tudo é um porre!
Tô conhecendo agora um recurso que se chama "discurso indireto livre". O narrador vem contando a história e num ponto outro narrador invade o texto e começa a falar. Fica igual um fluxo de consciência de narrador. O ritmo ganha outra vida!
Só vi em ficção até agora. Queria ver em reportagem... hehehe!
abração
Tom Wolfe, se não me engano...
O Tom Wolfe fez isso, já. Não lembro em qual livro. Mas o Tom Wolfe sabe ser bem chato às vezes, também, quando quer inventar essas frescuras de narrar as coisas de uma forma "diferente". Senão me engano tem uma reportagem dele naquele livrinho "Radical Chique e o Novo Jornalismo" sobre bancas de rock e groupies, acho, que ele usa esse tal de, ahn, "discurso indireto livre".
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