quinta-feira, agosto 31, 2006

Blindou bonito

E só pra complementar. O jornal “O Globo” desta quinta (31 de agosto) informa que o gasto com o Bolsa Família subiu 60% de junho para julho (de R$ 598 mi a R$ 952 mi). Ainda de acordo com o jornal, o governo decidiu antecipar os pagamentos, o que fez com que 40% das famílias recebesse dois meses do benefício em julho (o de julho e o de agosto).

E teve também a antecipação da primeira parcela do 13º dos aposentados, agora antes das eleições. E o Copom surpreendeu e decidiu baixar em meio ponto a taxa básica de juros. Que beleza.

Lula fez uma baita blindagem usando a máquina pública. Quer ser reeleito a todo custo. Agora, nem se todos os candidatos começassem a bater sistematicamente em seu governo ele perde essa eleição. O que a oposição poderia ter feito, não fez – um pouco por medo da reação das pessoas, até. E muito por burrice mesmo.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Lula e seu sensacional golpe

Lula é mesmo sensacional. Prestes a ser reeleito, não lembra em quase nada o que foi e representou no passado recente. O que mais me irrita nele é exatamente esse ponto. Não propriamente o fato de ele ter mudado, afinal as pessoas mudam e evoluem (ou não). Mas a discrepância entre o que ele disse antes de ser governo e agora que é governo.

O "Bolsa-Esmola", por exemplo, que o PT tanto metia o pau quando FHC era presidente, hoje virou um dos seus principais mecanismos de obtenção de votos.

Esses dias alguém falou em tom de brincadeira que o povo brasileiro foi comprado pra votar no Lula. Eu falei: "Literalmente". Contentar pobre é muito fácil - que o diga Sarney, ACM, Jader Barbalho etc.

Na economia, Lula deu apenas continuidade à política do governo passado e não teve coragem de peitar uma única vez o mercado financeiro (o que quer que isso seja). Isso porque, antes, a política econômica era "criminosa", "irracional", "estapafúrdia" e, palavrinha mágica, "neoliberal".

A atitude da cúpula do governo e dos petistas durante os escândalos foi outra coisa extremamente nojenta. Culpar a grande mídia, a elite? E a dancinha da deputada gorda? E isso porque se faziam de guardiões da moral na política.

E as aberrações tipo Marilena Chauí e Paulo Betti? Nojento, nojento. E as alianças? (O "pragmatismo na política".) E o "nunca antes na história desse país..."? E a postura de não dar entrevistas nos primeros anos do governo? E a ausência em debates, agora na corrida eleitoral?

Mas como ia dizendo: Lula deu um verdadeiro golpe de mestre: afagou os pobres e foi manso e caridoso com o mercado. Fatura garantida.

terça-feira, agosto 29, 2006

Pasquim na rede

Deu na “Folha” de hoje, 29 de agosto: o site Memória Viva começa a colocar no ar, a partir de setembro, toda a coleção do jornal “O Pasquim”, que circulou de 1969 a 1991.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Onde se coloca o óleo?

quinta-feira, agosto 24, 2006

Cabeçudos

Coisa mais sensacional que vi nos últimos dias.

domingo, agosto 20, 2006

Galera medonha

Ao invés de tirar um cochilo durante o almoço, como quase sempre faço, nos últimos dias resolvi assistir ao horário eleitoral. Sabe como é, ver um pouco de bizarrice é bom de vez em quando.

Genoino (PT) começou logo dizendo que nada foi provado contra ele (não sabia de nada, assinou sem ler etc.). Valdemar da Costa neto (PL) disse que optou por “recomeçar” sua vida política, pois cometeu o “erro” de aceitar “doações não contabilizadas” (como se fosse só isso).

E o Paulo Maluf (PP)? Não me lembro direito do que ele falou, mas tinha a ver com firmeza na política. E o adevogado do Coronel Ubiratan? Foi logo dizendo: “Fui adevogado do Coronel Ubiratan, votem em mim”.

E muitos candidatos a deputado federal falando em “ética na política” e “renovação” do Congresso. Tá bom.

Mas eu queria mesmo era ter visto o Paloffi. O que será que ele diria?

E o desesperado Mercadante (PT)? E o Lula, que diz que só vai a debate quando “a gente achar que interessa”? Sai desta alma, FHC!

sábado, agosto 19, 2006

Nina Simone

sexta-feira, agosto 18, 2006

Mais lixo na rede

E os políticos descobrem de vez o mundo dos blogs.

Depois de Cesar Maia e José Dirceu, agora é a vez de Roberto Jefferson também ter o seu:

"O Lula só não é Deus porque não é onisciente, já que nunca sabe nada. Mas está chegando perto com a sua onipotência, já que faz mais e mais declarações de que foi ele quem fez tudo. Assim foi na entrevista do Jornal Nacional. Assim também é quando explica o sumiço do vermelho e da estrela do PT de seu programa eleitoral. A onipotência do presidente/candidato transparece mais uma vez em sua afirmação: "Até porque fui eu quem criei o partido" (se referindo ao PT)."

quinta-feira, agosto 17, 2006

Flip: fotos

Coloquei algumas fotos da viagem a Parati no Flickr (de quebra, umas fotos de Trindade também). Agora, se você quiser me ver de sunguinha preta, clica aqui. (Uau.)

Uma foto


Renata Coin, numa bela foto para a revista "Trip" (clica para ver maior e usar como plano de fundo no seu desktop).

Hitchens na Globo News

Nesta quinta, 17 de agosto (meu aniversário, aliás), tem Christopher Hitchens sendo entrevistado pelo Edney Silvestre no programa Espaço Aberto, da Globo News, às 21h30. Vale assistir.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Links

Pedro Doria está fazendo o Caminho de Santiago e escrevendo pro blog do nomínimo.

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Mercadante disse que era doutor pela Unicamp. Bom, não era bem lá verdade.

O Reinaldo Azevedo aproveita também para esculhambar um pouco (muito) o Gilberto Dimenstein (que eu acho que é um bobão também).

E ainda aponta o plágio que a revisa Época cometeu.

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Paulo Polzonoff escreve sobre "Reparação", do Ian McEwan.

E o Parada escreve sobre dois livros do Bataille.

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E Lula diz que é uma bobagem esse negócio da propaganda eleitoral do PT, bom, não colocar a própria marca do PT. Ah, claro, uma bobagem... E Ricardo Berzoini, presidente do partido, disse que o PT "não tem uma necessidade adolescente de afirmação". Morri de rir depois dessa. É cada desculpa que esse pessoal inventa...

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E n'"O Globo", a cobertura da FLIP no blog da Paralelos.

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E o Bruno comenta que o diretório estadual do PT entrou com uma queixa-crime contra a campanha "não vote em mensaleiros" do Transparência Brasil.

Flip: piauí

A revista “piauí”, assim mesmo, em caixa baixa, era para ser lançada na FLIP deste ano – tanto é que apoiou duas mesas sobre jornalismo (Lillian Ross/Philip Gourevitch e Cristopher Hitchens/Fernando Gabeira). Por conta de um atraso, a revista acabou não saindo: mas a promessa é que saia em outubro.

O material de divulgação, distribuído em Parati, diz que “piauí” “será uma revista para quem gosta de ler” e “contará histórias de pessoas”, “mulheres e homens de verdade”. Promete ser algo como a “New Yorker” é, ou seja, uma revista de reportagens e histórias. Pelo que sei, a revista é uma iniciativa do cineasta João Moreira Salles e de Luiz Schwarcs (da Companhia das Letras).

Com periodicidade mensal, 40 mil exemplares de tiragem e vendida em bancas por R$ 7,90, a revista terá como colaboradores (não terá colunas nem colunistas fixos) nomes como Danuza Leão, Daniel Galera, Ivan Lessa, Oliver Sacks, Rubem Fonseca, Luiz Schwarcz, Martin Amis, Angeli, Ricardo Calil, Eduardo Coutinho, entre outros.

Da redação fazem parte Adam Sun, Cassiano Elek Machado, Claudia Warrak, João Moreira Salles, Luiz Maklouf Carvalho, Marcos Sá Corrêa (que deve ser o editor), Mario Sergio Conti, Raquel Zangrandi, Raul Loureiro e Xico Vargas.

A torcida é para que vingue. A conferir.

PAS

Via blog do Bruno, vi que o Pedro Alexandre Sanches tem um blog. O PAS é, fácil, um dos maiores conhecedores de música do Brasil.

terça-feira, agosto 15, 2006

Flip

Amanhã começo a postar alguns breves comentários das palestras que assisti na Flip (Festa Literária Internacional de Parati) deste ano.

Gostei bastante das mesas do Fernando Gabeira e do Christopher Hitchens e da de Lillian Ross e Philip Gourevitch. As duas tinham como assunto o jornalismo. Pena que a do Gabeira/Hitchens acabou descanbando pra política internacional e o jornalismo em si foi muito pouco discutido.

Já a palestra do Tariq Ali, que decidi assistir com uma dose de receptividade acima do normal, me decepcionou bastante. A começar pelo manifesto ingênuo pedindo "cessar-fogo imediato" de Israel que ele fez circular na feira. Ingenuidade tem limite.

Eu gostaria mesmo era de ter visto Hitchens e Ali se pegando num debate. Ia pegar fogo.

Com relação ao público, na quinta-feira a cidade ainda estava bem vazia. O pessoal começou a chegar pra valer na sexta. Sábado e domingo, todas as palestras estavam praticamente lotadas. E à noite, os barzinhos também.

Comprei um livro apenas, "Amor, Pobreza e Guerra", do Hitchens. Queria ter comprado os do Jonathan Safran Foer também, mas não deu. Peguei um livro-coletânea de contos e poesias publicado pela revista "Granta" e pelo British Council. E ganhei dois livrinhos do Delfin: um do Breno Kümmel e outro pequeno livro de contos de autores da Editora Paradoxo.

Amanhã escrevo mais.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Flip

Este blog fica inativo até segunda que vem. Parto para Parati hoje, para acompanhar a FLIP.

Wishlist

segunda-feira, agosto 07, 2006

Dirceu

Meu Deus! José Dirceu tem um blog!

Dirceu é daqueles homens que tomamos como parâmetro. Se fala mal de alguma coisa, falamos bem; se fala bem, é óbvio que falamos mal. Um verdadeiro parâmetro.

Agora, antes de emitir qualquer opinião, lerei o que diz o nosso Daniel. O que ele disser, digo o oposto.

sábado, agosto 05, 2006

Cuba

Emir Sader escreve na Folha deste sábado, 5 de agosto: “É o regime socialista que permite a Cuba ser o único país no mundo em que não há pessoas abandonadas, sem direitos, sem amparo, sem apoio. Em que não há crianças dormindo nas ruas.”

Pelo que sei, há prostituição em Cuba, bem como há pobreza também. Em quantidade menor do que em países como o Brasil? Talvez sim. Mas Cuba certamente é um país pobre, que até bem pouco tempo vivia a custa de subsídios da União Soviética. Fidel Castro parece nunca ter se preocupado em fazer com que seu país produzisse riquezas.

Nomes como Frei Betto, Fernando Morais e até José Dirceu reverenciam o regime castrista, como se Cuba fosse o paraíso na Terra.

Tendo a desconfiar de textos como o de Sader, embora reconheça que há alguma verdade ali (mesmo que mínima). Sader com certeza esteve em Cuba. E com certeza esteve lá convidado pelo governo, com mordomias que os habitantes locais com toda a certeza não têm acesso.

Quando se quer falar bem de Cuba, alguns elementos são logo abordados: saúde, educação, habitação. Mas no quesito “direitos” há um sério problema. Cuba não é uma democracia. Fidel comanda uma ditadura socialista fechada há 47 anos. Logo, as pessoas não têm direito à liberdade de expressão e escolhas. Geralmente quando isto é dito, muitos fecham a cara, e murmuram algo como: “Bom, mas o povo tem saúde, educação...”

Daniel Piza, que esteve em Cuba, diz: “A velha alegação de que Cuba ao menos distribui saúde e educação para todos não bate com a realidade que vi, e ninguém lúcido acredita nas estatísticas oficiais.”

O problema de boa parte das análises, na minha opinião, é que elas contrapõem modelos completamente diferentes – e modelos que têm falhas, e muitas. Quando analistas dizem que os EUA têm liberdade de expressão, isto é uma verdade, sabemos disso (Michael Moore e Noam Chomsky também sabem).

Já em Cuba essa liberdade não existe – de voto, de imprensa, de escolhas –; portanto, como acreditar, ou melhor, como não duvidar de partidários e do governo cubano? Como não duvidar de um ditador que proíbe obras literárias dentro do país? Como não duvidar de quem proíbe oposição e críticas? Que faz presos políticos? Que taxa como desertor quem quer sair do país?

Acho um pouco de covardia quando alguém diz que o modelo de Fidel não deve ser criticado por ser uma “oposição ao regime capitalista”. Democracia e liberdade de escolha são coisas fundamentais, são a base de uma sociedade, se me permitam o lugar comum. Não me sentiria bem em viver num país como Cuba, e aposto que a maioria dos que a defendem não agüentariam viver por lá mais do que umas férias.

Daniel Piza: “O país é dividido: de um lado, o país dos pesos cubanos, de carteirinhas mensais de remédios e alimentos que não dão nem para uma quinzena; do outro, o país dos dólares americanos, de prostitutas que se oferecem para os turistas a US$ 3 a cada esquina.”

Transição: o que quer o povo cubano?
Algumas coisas chamaram bastante a atenção na tal transferência de poderes. Primeiro: o apego ao poder. Fidel, aos 79 anos, esperou ficar seriamente doente para transferir seus poderes. Segundo: o traço monarquista da coisa. O poder foi passado ao irmão Raúl Castro, de 75 anos. Terceiro ponto: Fidel transferiu todos os seus poderes “provisoriamente”. É algo cômico a carta em que ele delega seus poderes. Começa sempre assim: “Delego em caráter provisório minhas funções como...”. No original, provisório deve ter sido escrito em caixa alta, negrito, itálico e com néon piscando...

Não seria mais fácil lançar um plebiscito, e perguntar diretamente aos cubanos que modelo eles querem, a partir de agora, seguir? Dois terços da população nasceu durante o regime. Mas a pergunta que se faz é: o que os cubanos querem? Enquanto ditadores acharem que o melhor para o “seu” povo é o que ele quer, nunca saberemos.